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Sensor de glicose subcutâneo: avanço no controle do diabetes

closeup of a hand of a young woman showing the reader after scanning the sensor of the glucose monitoring system - focus on the reader

Se perguntar a um paciente diabético quais os principais motivos de aborrecimento e limitação de sua doença é quase certo que as medidas de glicose através de picadas de pontas de dedos serão muito lembradas. Além de dolorosas, elas não são práticas pois exigem necessidade de limpeza frequente dos dedos, local apropriado para descarte de material perfurante e para que se tenha uma noção mais exata de como a glicemia se comporta durante um período de 24h são necessárias várias picadas, no mínimo de 4 a 7 ao dia.

Desta forma, o lançamento de sensores de glicose que medem o açúcar quase que constantemente e de forma imediata, não necessitando de picadas constantes é visto com enorme desejo por pacientes e médicos que tratam de diabetes, pois praticamente dispensam as famigeradas pontas de dedos, o que se traduz em grande comodidade e maior adesão ao auto monitoramento da glicose, fundamental para o bom controle da doença.

Como funciona o sensor de glicose?

O primeiro sensor de glicose disponível ao público no país é o Sistema Flash, cujo nome comercial é Freestyle Libre®. Ele tem o formato e tamanho aproximado de uma moeda de 1 real e permanece colado sobre a pele da parte posterior de um dos braços. No centro do sensor sai um filamento que atravessa a pele e entra em contato direto com o líquido do tecido subcutâneo, realizando em tempo real as medidas de glicose desse fluido. Esse filamento que faz parte do sensor é inserido através da pele por meio de um introdutor com agulha e lá permanecerá por 2 semanas realizando medidas de glicose, após esse período deve ser trocado o sensor. Ele é a prova de água, não havendo necessidade de se retirar para banho de chuveiro ou piscina, por exemplo. Para se saber o valor de glicose naquele momento é muito simples: basta passar o glicosímetro próprio em frente ao sensor e o valor aparecerá imediatamente na tela do aparelho.

Outra grande vantagem do uso do sensor de glicose é que por estar em contínuo contato com o líquido subcutâneo, ele realiza medidas praticamente contínuas de glicose. Mais precisamente é capaz de armazenar automaticamente 1 medida a cada 15 minutos por até 8 horas seguidas. Cada vez que se passa o aparelho de glicosímetro em frente ao sensor, os dados armazenados desde a última leitura são transmitidos, liberando-se memória do sensor para até outras 8 horas de registro. Para facilitar o entendimento de tamanho número de dados, ao se baixar os dados do glicosímetro no computador o programa constrói gráficos com curvas de picos e quedas de glicemia ao longo das 24 horas, mostrando exatamente os pontos críticos do controle de glicose que devem ser corrigidos.

Em comparação aos exames de pontas de dedos, muito mais medidas de glicose são obtidas, incluindo medidas automáticas de horários em que usualmente não são registrados, como de madrugada por exemplo, o que permite um controle do diabetes e do manejo de medicamentos muito mais preciso, principalmente para os insulino-dependentes.

Todos os portadores de diabetes podem utilizar o sensor de glicose?

Ainda existem limitações ao seu uso. Pacientes internados ou em situações clínicas que ocorre inchaço (edema) no local de implante do sensor, como em portadores de insuficiência cardíaca, cirrose hepática, insuficiência renal, etc, seu uso não é recomendado o pois os dados coletados podem apresentar falhas de medida. O uso em gestantes com diabetes ainda não foi registrado em bula no Brasil, embora já esteja liberado em vários países da Europa. É necessário nas primeiras 24 horas de uso a realização de algumas medidas de glicose por ponta de dedo para se checar se a calibragem do sensor está correta pois é comum nas primeiras horas haver diferenças de medidas. Além disso seu custo, embora não exorbitante se comparado ao custo das tiras reagentes de pontas de dedos, ainda é considerado elevado para maior parte da população brasileira.

De qualquer forma a possibilidade de se obter um controle de glicose muito mais bem detalhado e praticamente sem necessidade de picadas constantes de pontas de dedos é, sem sombra de dúvidas, uma revolução no tratamento do diabetes e já está mudando a visão de que ter um controle de glicose adequado, principalmente nos usuários de insulina, é algo praticamente impossível de ser atingido. Ainda há muito o que evoluir no controle e tratamento do diabetes mas essa nova ferramenta, bem como outros sensores de glicose que estão a caminho, trazem alívio e esperança aos diabéticos, seus familiares e profissionais de saúde que lidam com essa doença complicada no dia-a-dia.

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